07 maio 2010

Quase

- Eu sei de tudo isso que tu falou. Eu já sô grande. Mas é que sempre quando tu sai e fecha a porta, me dá uma dor na barriga. Daí eu tapo a minha cabeça pra ver se passa, mas não adianta!
- Que bom que tu já sabes. Só que ao invés de ficar no teu quarto, tu foges para dormir comigo e com teu pai.
- Mas é que lá vocês dois podem me proteger.
- Proteger do quê, meu filho?
- Do escuro.
- Não precisa ter medo do escuro, ele não faz mal.
- Mas eu não tenho medo, eu sô um guri. Eu só não gosto de dormir sozinho e no escuro. É só isso, entendeu?
- Então, e se eu deixar a luz do abajur ligada?
- Não mãe, ele faz uma sombra grande na parede.
- Se colocarmos uma música bem tranquila, acho que tu consegues dormir melhor.
- Não gosto de dormir com música. Me dá mais dor na barriga.
- Quem sabe, então, se eu ficar aqui do teu lado?
- Mãe, eu não sou mais criança. Não precisa ficar aqui comigo!
- Está bem. Pelo que eu estou vendo, o Sr 'adulto' pode dormir sozinho essa noite.
- É... Vou dormir sozinho hoje, já sô grande.
- Boa noite, então. Durma bem.
- Boa noite mãe.



- Mãe. Manhê. Ô mãe!
- Hum. Que foi meu filho?
- Posso dormir aqui com vocês, só hoje?

3 comentários:

  1. Ah! Que coisa mais fofa esse texto!

    E legal o formato também! Esses diálogos conseguem criar mais imagens do que uma descrição narrativa do ambiente!

    Muito bom! =)

    ResponderExcluir
  2. faço aqui a campanha 'Cíntia, continue a escrever!' :D
    muito legal!

    ResponderExcluir
  3. ahh hahaha
    Que texto bacana de ler!

    ResponderExcluir