07 maio 2010

quase tudo


Não lembro o primeiro dia em que alguém me perguntou o que eu queria ser quando eu crescesse.  Também não lembro o que eu respondi. Deve ter sido alguma profissão nobre - acho que todas são, por mais que não pareçam. Mas lembro dos episódios seguintes a esse pequeno diálogo. Lembro de passar horas e horas pensando e mudando de idéia constantemente. Eu já não sabia mais o que eu queria. Ou sabia, mas os caminhos eram tantos que me deixavam assim, em dúvida.
Parecia aquela situação clássica de vestibular, a indecisão e as várias opções pra se escolher. Uma profissão pro resto da vida. Lá estava eu. Eu tinha minhas aptidões no colégio, claro, mas sempre fui daquelas pessoas maravilhadas com tudo, com qualquer experiência. Um passeio no museu era sempre uma realização. Num estádio de futebol, idem.
Nunca levei a sério o teatro como modo de vida até aquela quinta-feira, quando, andando por uma rua tranquila, passei por um galpão onde um grupo ensaiava. Novamente, fiquei impressionada, mas ainda mais com o fato de que aquelas pessoas ensaiando apresentavam, aos meus olhos, algo que era uma mera diversão, entretenimento. Não era. Cara de pau, entrei no galpão e observei aquelas pessoas, que não levaram muito tempo até me notar. Mais cara de pau ainda, pedi, quase implorei para participar. Acho que, por pena, eles deixaram.
Desde então, vivo dias muito diferentes uns dos outros. Dias cheios de trabalho. Ser princesa egípcia e ser maltrapilha contemporânea, entre tantas outras facetas, sendo honesta, não tem nada de fácil ou de glamouroso. Mas não posso negar que me encontrei no que hoje é a minha ocupação. Ela corresponde, certamente, a tudo que eu fui e tudo o que eu gostaria de ser, mas quase consegui de verdade.

Um comentário:

  1. "não tem nada de fácil ou de glamouroso" encontrar o que realmente se gosta de fazer, é simplesmente o que gostamos. =)

    Adorei.

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