30 abril 2011
Minhas sinceras desculpas.
29 abril 2011
[casa]
26 abril 2011
Porto Alegre, 21 de abril de 2011, Mundo
Linha T1 Direta, sentido Sul/Norte.
Louco, preto, fedorento e esfarrapado, entra no ônibus e passa por baixo da roleta.
Cobrador, funcionário, branco, uniformizado, tenta impedir com gritos e pontapés.
Ônibus para.
Motorista, macho, branco, cabelo penteado, agarra o louco fedido pelo braço e força sua saída.
Todos calados.
Menos o louco e o motorista.
E a senhora, que se levanta dizendo que tal atitude era desumana.
E o cobrador, respondendo que desumanos são os passageiros que ligam para as empresas de ônibus reclamando que pessoas mal cheirosas têm entrada livre e gratuita nos coletivos da cidade. Que desumano era como o chefe dele dava esporro após as ligações. Que desumano é o sistema que os obriga a viver aquela situação. Sistema que criou o louco, que criou o chefe, que criou a obrigação.
Todos calados.
Menos o louco.
25 abril 2011
Minhas casas
Um portinho alegre
20 abril 2011
Minha Casa
16 abril 2011
Carrego Porto Alegre em mim
E no fundo que eu diga sim
Porém não vou dizer assim
Queria mas não posso falar
Mais por não ter um certo lar
Mas ninguém tem efetivamente um lar...
Só o mesmo céu e as estrelas
E como eu queria que Porto Alegre em mim crescesse
E como eu queria que eu crescesse...
No fundo só um menino desejando brincar
E dançar nas ruas da pequena Capital
Tudo teatral e melodrama
Todos choram. Todos amorosos e simpáticos
Como se Deusinho desatasse o bom-humor
E como gosto de pessoas e sua dor
Às vezes dá vontade do abraço
Só pra carregar a Porto Alegre no meu peito
Tristeza é longe e a razão parece mais
Hoje não represento mais o "eu". Hoje sou todos
Sou a Capital e todas as suas luzes
A piada boba, o namoro na TV
O casal no parque, a velha chorando no cinema
Hoje sou ninguém
Posto isso sou todos
Só posso escrever pra desinchar
E verter de mim as pessoas que me fazem
E como eu queria que as pessoas desfizessem
O mal que as atormenta até o final
No fundo só esperam que eu diga o sim
E eu queria dizer sim...
Queria mas não tenho um certo lar...
porto-alegrense
14 abril 2011
vou-me embora
te enrolei por muito tempo.
me menti por mais ainda.
aqui não sou de verdade.
não assumo opinião.
não alimento as vontades.
vivo a esfregar teu chão.
vou-me embora deste vício.
sem moral e compaixão.
fiz de tudo que é errado.
me tornei um belo cagão.
vou-me embora pra me achar.
e não me perder jamais.
vou-me embora pra Porto Alegre.
e lá pretendo ter paz.
outono
esfria
chove
chora
molha
empoça
enlameia
venta
seca
descabela
rebela
reinventa
levanta
encanta
dança
ilumina
esquenta
ameniza
alivia
suspira
sorri
e sonha
antes de dormir.
(Meu coração é Porto Alegre)
12 abril 2011
Despretencioso
- Isso foi criado (mesmo!) dentro de um ônibus. Inspirado em momentos antes, ainda na parada de ônibus. Numa sexta-feira chuviscosa. Pouco após meio-dia. A parada fica perto de uma escola, e algumas crianças ainda estavam ali, tomando chuvisco na mente, à toa. Afinal, era sexta-feira. E eis...que no meio da parada...Um senhor, muito parecido com aqueles peruanos que aparecem no meio do centro da cidade para apresentar as músicas de sua cultura. Mas, esse homem tinha estilo. Cabelo rabo-de-cavalo...e uma viola. De nylon. À tira-colo. Quando cheguei, ele estava tocando, despretensiosamente. E eu, muito admirado como sempre com os artistas de rua e principalmente com quem faz musica, fixei o olhar e curti o som. Fiquei do lado dele. Entre um dedilhado e outro... Ele começou a tocar o clássico do Dire Straits: "Sultans Of Swing". E comecei a viajar na vibe do cara... Á minha frente, pessoas... Transeuntes despretensiosos fugidios à chuva com seus guarda-chuvas. Mais à frente, o movimento caótico dos ônibus e carros. Ainda mais à frente... As gotas de chuva. E tudo isso numa paisagem cor de chumbo das nuvens... Ahhh, e o som... E eu viajando... Pensando na cidade... Olhando as gurias (tão... mas tão lindinhas) passando pra cá e pra lá... Pensando em como Porto Alegre é encantadora. Despretensiosamente, encantadora.]
Mas é nessa poesia que resguardo
A beleza da cidade
Que faz as vezes de um quadro
No olhar vívido, da multiplicidade
Onde cantam alegrias
Que a memória i'nda guarda
N'um bocó de poesias
Construída em cada quadra
A caneta que não cansa,
No papel que quase acaba.
Onde faz juras de lembrança,
E não para de mima-la
Neste ônibus tardio
o violeiro se despede,
Num dedilhar que não se mede,
E desse som que me arrepio.
Meu chão
A iluminação pública que entra pela janela do meu quarto não me deixa dormir;
Pilhas de trabalhos da faculdade, esperando serem concluídos, não me deixam dormir;
A ansiedade pela espera do dia seguinte, em que vou rever meus amigos, não me deixa dormir;
As gritarias e risadas dos bêbados dos bares às noites de sábado não me deixam dormir;
A emoção despertada pela peça de teatro assistida na Redenção no último domingo não me deixa dormir;
O violão e as cantorias desafinadas nas quintas-feiras não deixam os meus vizinhos dormir;
A minha cabeça girando, efeito da última bebedeira com os amigos, não me deixa dormir.
A Porto alegre, que nunca me cansa, não me deixa dormir.