18 maio 2010

O dia em que saí do quase

Estranhamente o sentimento era de alívio, apesar da decisão não ser sua, e isso lhe impressionara. Respirou fundo, se sentiu viva. Solitária, mas viva, independente, podia agora fazer o que quisesse sem depender do consentimento, dos horários, da rotina, da opinião desse outro alguém que há tanto tempo habitava sua vida.

Voltou para casa, se sentou no sofá e foi conversar com a mãe, falar de filmes, livros, de como fora o dia – o que tanto gostavam de fazer e se repetia por todas as noites – tudo isso como se nada tivesse acontecido. O início de sua vida de conquistas, uma após a outra, era este. Sabia e precisava caminhar sozinha, sentia necessidade disso, sem temer mais o futuro, que agora dependia apenas de sua vontade e não da decisão dele sobre que rumo tomar. Chegava de incertezas quanto à durabilidade daquela história, daquele amor. Ele mesmo lhe dissera que quando se há dúvidas sobre alguma coisa é porque já se deve então colocar-se um fim nesta. Bastava, então, de quases, de proximidades, de metades! O que agora virara sua busca incansável são as conclusões, a convicção, a sensação de completude.


Fora preciso, no entanto, perder metade de si para sentir-se inteira.



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