26 abril 2011

Porto Alegre, 21 de abril de 2011, Mundo

Linha T1 Direta, sentido Sul/Norte.

Louco, preto, fedorento e esfarrapado, entra no ônibus e passa por baixo da roleta.

Cobrador, funcionário, branco, uniformizado, tenta impedir com gritos e pontapés.

Ônibus para.

Motorista, macho, branco, cabelo penteado, agarra o louco fedido pelo braço e força sua saída.

Todos calados.

Menos o louco e o motorista.

E a senhora, que se levanta dizendo que tal atitude era desumana.

E o cobrador, respondendo que desumanos são os passageiros que ligam para as empresas de ônibus reclamando que pessoas mal cheirosas têm entrada livre e gratuita nos coletivos da cidade. Que desumano era como o chefe dele dava esporro após as ligações. Que desumano é o sistema que os obriga a viver aquela situação. Sistema que criou o louco, que criou o chefe, que criou a obrigação.

Todos calados.

Menos o louco.

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