12 abril 2011

Meu chão

Corta meus pulsos. Me atira no inferno, me tira do abismo. Consome meu fogo, queima minhas mentiras, corrói por dentro e por fora. Faz da aversão confusão de contato: me toca, me bate, me beija. Faz disso teu único resgate, minha única saída. Queira isso tanto quanto eu. Me precisa. Me diga não. Esclarece essa linha difusa, me passa as coordenadas, as trilhas, me atropele como um trem. Só não esquece de me dar a mão, de me segurar no momento mais triste, mais tenso, na dor mais profunda. Segura minha mão. Pode fazer o que quiser comigo: mendigo, cachorro, vão, ilusão, fim de semana... Só me dá a mão quando eu não encontrar mais nada além desse maldito chão que não treme, que não muda, que não diz nada.

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