12 abril 2011

Despretencioso

[Contextualizando:

- Isso foi criado (mesmo!) dentro de um ônibus. Inspirado em momentos antes, ainda na parada de ônibus. Numa sexta-feira chuviscosa. Pouco após meio-dia. A parada fica perto de uma escola, e algumas crianças ainda estavam ali, tomando chuvisco na mente, à toa. Afinal, era sexta-feira. E eis...que no meio da parada...Um senhor, muito parecido com aqueles peruanos que aparecem no meio do centro da cidade para apresentar as músicas de sua cultura. Mas, esse homem tinha estilo. Cabelo rabo-de-cavalo...e uma viola. De nylon. À tira-colo. Quando cheguei, ele estava tocando, despretensiosamente. E eu, muito admirado como sempre com os artistas de rua e principalmente com quem faz musica, fixei o olhar e curti o som. Fiquei do lado dele. Entre um dedilhado e outro... Ele começou a tocar o clássico do Dire Straits: "Sultans Of Swing". E comecei a viajar na vibe do cara... Á minha frente, pessoas... Transeuntes despretensiosos fugidios à chuva com seus guarda-chuvas. Mais à frente, o movimento caótico dos ônibus e carros. Ainda mais à frente... As gotas de chuva. E tudo isso numa paisagem cor de chumbo das nuvens... Ahhh, e o som... E eu viajando... Pensando na cidade... Olhando as gurias (tão... mas tão lindinhas) passando pra cá e pra lá... Pensando em como Porto Alegre é encantadora. Despretensiosamente, encantadora.]


Mas é nessa poesia que resguardo
A beleza da cidade
Que faz as vezes de um quadro
No olhar vívido, da multiplicidade

Onde cantam alegrias
Que a memória i'nda guarda
N'um bocó de poesias
Construída em cada quadra

A caneta que não cansa,
No papel que quase acaba.
Onde faz juras de lembrança,
E não para de mima-la

Neste ônibus tardio
o violeiro se despede,
Num dedilhar que não se mede,
E desse som que me arrepio.

Um comentário:

  1. Fui pro YouTube e coloquei pra tocar a música enquanto lia. Boa contextualizada, é quase como falar com o público antes de tocar uma bela canção.

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