01 maio 2011

Maio

Não sei se é este vento na janela
Ou a janela com o vento e a noite
Ou se é maio e o vento na janela da noite...
Mas me faz muita falta o espaço de minha casa
E a família e meu cheiro nas cobertas

O ser vazio ocupa muito de nosso corpo
Nosso corpo é algo que ocupa grande parte do mundo
Ausência é um estado muito mesquinho a instalar
Porque derruba paredes sem erguê-las de novo
E você fica sozinho a ver estrelas no céu
Só contando a hora de acordar

Faz frio em maio e não há qualquer parede
Ou algum limite para demarcar-me em mim...

Ninguém sabe o que é largar o futuro
Nas mãos de uma cousa toda louca e animalesca
Como se viesse e fosse embora
Muito antes de se despedir

Muitos sabem o que é não ter teto
E morrer no frio
Ninguém sabe o que é não ter paredes
E falar e falar e falar...

Ausência é gritar e não ter paredes para ressoar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário