16 maio 2011

Furby

     Suas orelhinhas pontudas estariam dispostas a me ouvir sempre que necessário. Aqueles olhos, redondos e brilhantes, duas bolinhas de gude, me fitavam de forma tão vívida que pareciam entender as angústias de uma menininha de 7 anos. Ele não só me ouvia e entendia, como falava. Eu poderia ouvi-lo e seguir seus conselhos. O seu corpinho era redondo, peludo e tão pequeno, mas eu sabia que havia grandeza em seu interior. Grandeza difícil de encontrar em muita gente por aí. Naquele momento eu soube que nos daríamos muito bem - e ele seria meu melhor amigo.
     Mas havia uma vitrine nos separando e a mão da minha mãe me levando para longe daquela loja de brinquedos, porque "imagina comprar um bichinho daqueles, ele é tão feinho, tu quer mesmo ter esse Furby no teu quarto?" Não adiantava tentar convencê-la: eu sabia que nunca o teria comigo. O que restou foi torcer para que alguma outra menina o levasse para casa e fosse sua melhor amiga. Assim como eu teria sido.

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