01 janeiro 2011

- Ó gentil cavaleiro que tão sublime e perigosa descoberta me provocastes. Teu suor e sangue me despertam compaixão, tua valentia...

- Ó generosa donzela, acaso não sabeis que o que sentis em nada se assemelha a compaixão? De minha parte ao menos posso dizer-te, eu que só tenho causado dor e sofrimento, que só sei causar a morte, cavaleiro negro sem crença nem rei, vejo nascer por ti devoção sem par.

- Tua coragem me causa arrepio, tua espada afiada destrói famílias assim como meu coração. Só viverei mais um dia se te puder ensinar a amar.

- Minha vida é matar, mas teus olhos me fizeram descobrir a esperança de uma vida onde a armadura seja o carinho de uma família e a espada seja a força da paixão.

- Vais então dizer-me estas palavras tão belas, dar-me esperança, alimentar um sentimento que a tanto custo tento abafar, mas que resiste a pleno e já me sufoca. Oh! Não faças isso, que me contento com a solidão da vida, te vendo partir a cada nova batalha, sofrendo calada, morrendo um pouco a cada vez que recebo notícias da frente de batalha.

- Teu rosto não me sai do pensamento. Tua boca molhada vive a aparecer nos mais inesperados momentos. Sinto o peso do aço nas mãos e o quente do sangue no peito. Sonhei tanto com o dia em que os campos de batalha fossem distantes, mas hei de morrer sonhando. E morrer sonhando contigo. Pensei numa casa florida. Pensei em meninas de saias e em teu cheiro de flor do campo. Receio que isso fique no ar. Pois meu corpo não mais padecerá. Mas meu espírito por ti esperará.

Bibiana e Patrícia

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