01 janeiro 2011

Hoje é o meu dia, mas à noite eu quase não dormi. Imaginava elas vindo, com seus corpos vermelhos, desejando a minha carne e o meu espírito. Só assim eu posso ser um homem. Imaginava também como seria o contato da minha pele com elas, as sensações que subiriam pela minha espinha, até eu ficar anestesiado. Tremia só de pensar. Mas então eu lembrava que todo homem deve passar por isso, e que comigo não ia ser diferente.

A festa começou com a fogueira que foi acesa assim que o sol, aquela mancha sangrenta no horizonte, se pôs. Os outros homens me olhavam desafiadoramente. E elas já estavam lá também, inquietas, mas vigilantes. Os seus movimentos eram compassados pela batida do tambor. Ninguém era inocente ali. Todos sabiam o que tinha que ser feito. Confesso que senti medo, mesmo tendo sempre esperado por isso. Medo daquele tipo quando a serpente te espreita, o momento que antecede o bote, quando tudo fica quieto e parado, suspenso no ar, é inevitável e você sabe disso. Que acabe logo então! Que eu seja entregue a elas!

As saúvas, o sangue, a dor.

Agora não sou mais criança.

Natascha e Alessandra

Nenhum comentário:

Postar um comentário