01 janeiro 2011

Inocência tinha cinco anos. Aquela idade curiosa, em que se quer saber de tudo, em que sempre se quer mais, em que sempre se espera mais. Inocência ainda não sabia ler, não tinha livros, mas queria uma história todas as noites. Os pais se lamentavam. Não compravam livros, a menina nem sabia ler, mas tinham que inventar ou lembrar uma história todo dia, sempre uma novela na hora de dormir. Pinóquio, Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Cavalo Baio, aquela coisa. E estava ela lá, mais uma vez, esperando a historinha com aquela carinha de criança. De criança cheia de expectativas. Tinha sido um dia longo, cansativo. Problemas pra resolver, contratos pra assinar e as pessoas para atender. O pai estava estressado. Queria dormir.

“Pai, me conta uma história!”, soou a voz de Inocência.

“Conta, conta, conta, conta”, quando ele apareceu à porta do quarto de paredes lilás.

“Era uma vez uma menina muito esperta e curiosa. Mas ela incomodou quem não devia, quando não devia e então o velho do saco a levou para bem longe.”

“E aí pai, e depois? O que aconteceu?”

“Nada. Esse é o final, Inocência.”

Juliana e Priscila

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