07 outubro 2010

Sozinha em casa

Tão longe da plenitude
Continuo procurando pela juventude do nosso romance
Vamos trazer todas as nossas memórias aqui pra dentro
Lá fora está tão frio,
O frio do desamparo pode danificar
E o ônus, vai acabar, vai acabar.

- Eu estou morrendo de saudade de te amar – o marido pelo telefone.
- Te beijar, tirar tuas roupas, te pegar pelos cabelos... – a mulher.
- Te olhar novamente, analisar o brilho dos teus dentes – a distância faz ele querer amá-la ainda mais.
- Abrir tuas pernas de repente, ir devagar, até a goela. – ela não agüenta mais esperar.
- Te fazer a janta quente, te dar carinho como se estivesse doente – imagina com afeto.
- Te enlouquecer, te fazer gemer até ouvir teus gritos de prazer... – enlouquece sozinha, e resolve se amar.

Sozinha também.


Júlia Fraguas

3 comentários:

  1. Teus textos me parecem fortes, cortantes. Mas gostei, especialmente do primeiro parágrafo.
    Novidade no Clube, sempre bom!

    abs!

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  2. O meu trecho favorito é dos diálogos! :)

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  3. Textos com traços do autor. Mais um. Vida longa ao Clube!

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