11 abril 2009

Atividade - sem título 02(11/04/2011)

Era mais um daqueles dias que se acorda sem saber se é de manhã ou de tarde, morrendo de sede, com dor de cabeça e com o sol batendo no rosto, lembrando-lhe que "ta na hora de comprar cortinas".
Na noite passada, houveram tantas coisas que não conseguia lembrar, que fui buscar registros na minha máquina.
Entre as várias imagens dos amigos, algumas ela nem lembrava que tinha sido fotografada. Tinha um vídeo louco também em que ela aparecia cantando enlouquecidamente "Beautiful Day" do U2 e ela se quer lembrava daquilo. Bizarro. Olhou para o dedo que ardia e lembrou que o queimara na fogueira, enquanto eles assavam marshmallow.
Vendo as fotos, não conseguira parar de rir. Que noite memorável. Sem dúvidas, foi uma grande despedida. Todos os amigos presentes, alguns que há anos não se viam, reunidos para lhe desejar boa viagem.
Ainda sentia o calor da fogueira, o brilho das estrelas, a erva subindo à cabeça e começando a fazer efeito. Nunca havia experimentado - e se perguntou como conseguiu viver tanto tempo sem.
Música, música, música. Ela estava rouca, mas ainda cantava. Feliz. Ah, a vida é tão linda, tão bela. E a felicidade estava logo ali, ao apertar o play, ao dar uma tragada, ao entornar uma garrafa de vinho, ao fazer tantas outras coisas. Ligou o rádio e foi para cozinha atrás de Coca. A vida é mesmo maravilhosa, e cheia de surpresas.
Uma Coca-Cola e uma perna humana cerrada. Aflita procurou memórias, registros, qualquer coisa que explicasse o fato. Não achou nada. Percebeu no carpete manchas que não deveriam estar lá. O que há? Qual o segredo disso tudo? Se perguntava. Voltou a olhar os vídeos, as alucinações daquela noite ficaram marcadas na memória, procurava lembrar cada detalhe... Foi naquela noite que ele disse adeus? Ou foi depois?
Engraçado, já não lembrava os momentos mais marcantes daquilo que parecia amor. Comeu alguma coisa para não pensar mais.
Quando pediu uma prova de amor não era prova física, mas sabia que aquele ex-presidiário maluco que a atormentou por tanto tempo e aparecera de surpresa na festa poderia estragar os planos. No rádio, ouviu o anúncio de uma morte estranha, um homem sem um membro estava nú e morto enrolado em arame farpado em cima de uma árvore, exatamente onde eles se conheceram há alguns anos.
Resolveu tomar um banho, na esperança de tirar aquele peso de suas costas. Deixou por 10, 15, vinte minutos a água apenas escorrer pelo seu corpo. Quando voltou a cozinha, não encontrou mais nada, nem perna, nem arames, apenas um copo de coca pela metade.
Pois bem, era mais um daqueles dias que não se sabe se está dormindo ou acordada. Escolheu estar dormindo.

Este texto faz parte da atividade ocorrida em 11/04/2011. Saiba mais sobre a atividade.
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