15 setembro 2010

O importante é tocar.

Conversas não dizem nada, e sim o toque, o encostar-se às coxas, a mão no cabelo, o beijo no rosto,
e o roçar da barba, palavras jamais vão substituir o movimento, a sintonia, o ato, seja ele qual for.
A surpresa de encontrar-se num lugar inesperado, mesmo que tenha sido forçado.
Aquela coisa magnética de perguntar o que tu estás fazendo aqui, aquele beijo no rosto que a vontade verdadeira era de ser no pescoço,
e fica aquele caroço, aquela ânsia de que depois vai ser tornar esperança, esperança de se encontrar em outro lugar, em outro cenário,
que lembram canários cantando, ou a lareira acesa, cheiro de café e suor, que está saindo pelas costas, o outro não vê, mas está ali o tempo inteiro,
perguntando se deve descer, se entregar ou não.
A conversa só serve pra o passar, porque qualquer conversa sempre tende a mesma coisa, pro mesmo caminho. Definitivamente todos os caminhos são iguais,
sempre levam pro mesmo destino, o tocar, o ser, o juntar das palavras são tão automáticos e a única coisa a fazer é torcer pra que da boca saia algo convincente, pra realizar a única vontade que o ser humano realmente deseja.

Júlia Fraguas

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