25 setembro 2010

brilho eterno de uma mente sem lembranças

O arrependimento é sempre - sempre - a esperança de que as coisas sejam diferentes. Porque não vão ser. Há tempos se sabe que não. Há bem mais do que se gostaria. Então por quê? É igual. A mesma ausência. O mesmo abandono. Do nada. E não se sabe por quê. Nas vezes em que se tenta. Ser feliz. Fazer feliz. Qual é o problema? Por que acaba igual? Por que fazem a mesma coisa? E dói tanto. É uma coisa no fundo, não se sabe explicar, e deixa você com um vazio tão grande e você não sabe o que fazer com as mãos e então você só chora, chora, chora. Porque parece que chorando até os olhos arderem e até dar dor de cabeça e até acabar com metade da caixa da lenços aquela dor vai diminuir. Mas não vai. E talvez o problema maior não seja a dor, mas o fato de não se saber por que ela existe. E no meio do desespero você se pergunta e fica tentando achar motivos e explicações que você não tem, por mais que você queira. Aí você vai dormir e quando acorda no outro dia parece que passou, e você tenta de verdade pôr qualquer ordem na sua vida e focar em qualquer coisa que não seja o que vai cutucar aquela dor, mas não passou. Continua do mesmo jeito. E quando você chega em casa e fica sozinho tudo volta outra vez. A dor, o choro, o desespero. Você tenta saber por quê, mas não dianta. Você tenta falar, mas não adianta. Você tenta escrever, mas não adianta. Nada faz passar. Nada tira aquilo dali. Nem mesmo tempo, porque se fosse assim as pessoas não pensariam no passado quando isso só fosse trazer sofrimento. Mas elas pensam. Todo o mundo pensa. E não passa. Só dói, dói, dói. É quando tudo o que se gostaria era de poder voltar pra casa - pra casa, de verdade - e ficar lá pra sempre. Porque lá se está seguro. Pode continuar doendo pro resto da vida, mas se está em segurança. Mas não se pode voltar sempre. E aí dói mais ainda. Só aumenta. A dor, o choro, o desespero, a desilusão, a saudade. É sempre igual. E não passa. Nem isso nem raiva que se sente de si mesmo por deixar que façam isso. E por acreditar que vai ser diferente. Porque não vai.

3 comentários:

  1. Um ângulo pelo qual eu não pensaria em escrever.
    Como quase todos os teus textos, que sempre me surpreendem pela diferença.

    ehehhe

    ele mostra muito o desespero de quem já passou por isso, toda essa coisa de ser corrido e ordenado ao mesmo tempo.

    parabéns =)

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  2. Muito bom, né. Como se não fosse ser desse jeito algo que sai de dentro de ti.

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  3. ohn. eu não tinha visto os comentários. brigada (:

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