10 maio 2009

Jamais

Voltei para casa inconformada. Durante o caminho, segurei o choro e não disse uma palavra. Era um silêncio inquietante, porque na verdade eu tinha muitas coisas a dizer. O discurso estava pronto na minha cabeça: eu teria de escrevê-lo no papel para não esquecer cada linha, vírgula ou ponto final. Nada poderia se perder, pois eu não estava disposta a fazer isso mais de uma vez – embora essa idéia surgisse na minha cabeça todos os dias. Seria uma conversa sem direito de respostas, uma maneira de tirar da garganta tudo o que estava ali guardado há muito tempo. Ao ficar cara a cara com o papel, porém, me dei conta do que estava prestes a fazer. Parei. Eu sabia que quando escrevemos, mesmo que só para nós mesmos, eternizamos momentos. Sempre que quisermos lembrar do que aconteceu, lá estarão as palavrinhas enfileiradas para nos lembrar. E quer saber, sinceramente? Quando o assunto é você, eu prefiro me esquecer.

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