A postos de uma nova máscara
máscara de uma ida
farsa de tua sobrevida.
Solidão corrói,
ainda mais
sem ser repartida.
Toma posse o presidente Obama, mas isso não faz diferença, porque solidão não sai por decretos, não adquire novos tetos - está sempre ali. Ele era uma pessoa solitária, mas a solidão lhe fazia companhia: e isso por si só tão logo lhe bastava. Basta a monotonia, viva toda a alegria. Foi visitar a Estátua da Liberdade para trocar de vida - fingir ser turista. Porém antes de pegar a fila, parou, porque de turistas todos temos um pouco, ficando só de passagem nessa estranha e viva vida. Além de turistas, também prisioneiros: duma rotina que nos segue como fantasma atrás dum alimento que nem nós sabemos. Então ele parou e depois sentou pensou que deveria voltar - a algo que não sabia mas lhe fazia bem: rotina. Que previne inseguranças e não lhe traz nada de errado. Lançou-se ao lago quando poderia ser rio: calmo quando seria agiado: parado quando em movimento.
Movimento nos sistemas
de possibilidades improváveis
mas que graças a algo
não o são.
Sem um porquê
aparentemente inexplicável.
Sem um sentido
quando não se é pra tê-lo.
Mas assim ele fez. Quando poderia lançar-se ao mar, lançou-se ao lago, limitiado mas ainda conhecido. Muitas águas rolaram, muitas águas rolariam:
pena que todas já tão conhecidas.
Voltou para casa e para uma vida que, sem Ele saber, nunca transcorreria qualquer grande emoção.
Viveu em paz para sempre.
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