07 junho 2010

Morrer não tem graça

Olhe só... Veja você... Quem diria? Eu, morrer daquele jeito! Não imaginava. Agora eles estão ali no meu enterro. Que lastimável. Ora, ora, ora, vejam só quem está ali. Aquele canalha, maldito, calhorda de uma figa! O que está fazendo aí humm? Veio rir de mim é isso? Hey, o que é isso no seu rosto? Lágrimas? Você está chorando por mim? Oww, pucha, eu não esperava por isso. Você me deixou triste agora. É como dizem, enterros mexem com as pessoas.
Hey, espera aí. Se eu estou morto como posso ainda ter sentimentos? Minha nossa! “Alaaah” eu “rapá”... Que fumacinha é essa no meu pé? Ih... "Alaaah" to flutuando! Sério, tem alguma coisa muito estranha acontecendo aqui. Eu nunca tinha morrido antes, mas acho que não deveria ter sentimentos numa hora dessas. Tão pouco consciência! Bom, de qualquer forma, morto eu estou, definitivamente. Até porque meu corpo está aqui na minha frente, tenho fumaça nos meus pés, flutuo e estou mais branco do que nunca estive. Sim, morri. E agora?
Já não era hora de eu estar me encaminhando para o juízo final ou algo do gênero? Droga. Sinto que em breve algo vai acontecer. Hey, tive uma idéia brilhante. Vou aproveitar que ainda não passaram as regras da pós-morte e vou viajar para conhecer o mundo!!! Será que eu posso? Veremos...
Ah! Que sem graça. Grande coisa a muralha da china. Eu nunca mais volto às pirâmides do Egito. Que lugar longe! Flutuando bem que eu poderia ir à velocidade da luz, ou ao menos atingir o Mach2 pocha. Vou reclamar muito no twitter do chefão do setor de pós-vida. Eles devem ter twitter aposto! Todo mundo tem. Não tenho mais nenhum motivo para olhar a aurora boreal. Não posso nem dizer mais como é bom estar vivo para assistir tamanha maravilha. Que calúnia! Sabe, cansei de morrer. Essa é a primeira e última vez que entro nessa “indiada”. Vou até avisar meus amigos que não morram. Tem a menor graça. Nem o banheiro feminino tem graça! Imagine! O banheiro feminino!
Queridos amigos...


- Você está expressamente proibido de fazer isso.
- Ai Jesus! Quem és tu José?
- Meu nome é Miguel. Devo te lembrar que tens o livre arbítrio, mas se escrever essa carta você poderá parar em um lugar muito desagradável.
- Créééédo em cruz! Meu Deus... A pomba fala!!!!!
- O que diabos você está falando homem?
- Ah quem você está chamando de homem? Nãos vês que sou um espírito agora pomba?
- Pare de me chamar de pomba!
- Mas você tem asas!
- Eu sou um anjo. Na verdade sou um arcanjo para ser mais específico.
- Caraca!!! Bom, isso explica esse seu chapeuzinho.
- Você... Você... Você... Tem noção das besteiras que fala?
- Mas é claro que sim! E você acha por acaso que eu sei o que eu falo? Ops, digo... Bom, você entendeu.
- Pai! Perdoai. Ele não sabe o que diz.
- Jesus!!!!
- NÃO! Sou Miguel. E você vem comigo agora, antes que blasfeme mais.
- E para onde nós vamos senhor São Miguel das Pombas?
- ‘¬¬
- O que foi?
- O chefe quer falar com você. Algo sobre seus textos de baixo calão que escrevia quando era vivo. Parece que ele gostou de você.
- Que bom! Tenho alguns assuntos a resolver com o chefão...
- Seu tolo! E faça o favor de me seguir.
- É claro! Qual seu twitter?



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