26 setembro 2009

Um Lugar Seguro

Acordou assustado mais uma vez. O pequeno coração batia acelerado e ele suava um pouco. Olhou ao redor sem realmente enxergar e um suspiro afobado escapou de seus lábios. Levantou em um salto, jogando os cobertores para um canto qualquer e disparou de seu quarto na direção do único lugar onde ele sabia que haveria conforto para seus medos.
Ao sair do quarto, deparou-se com o corredor mergulhado na penumbra que se estendia na sua frente. Precisou passar por ele correndo, cheio do temor de que as sombras o agarrassem para envolvê-lo na escuridão.
Aproximou-se da porta do quarto dos pais e aguardou um breve instante, pensando que não queria continuar incomodando os pais com isso, mas um ruído qualquer o tirou de seus pensamentos e o fez lembrar das terríveis criaturas que o aguardavam em seu quarto, ferozes e famintas. Elas não esperariam muito mais. Logo estariam a sua procura.
Moveu a maçaneta o mais devagar que sua pressa, provocada pelo medo, permitiu. A porta estava destrancada. Suspirou de alivio. Os pais já sabiam que em certa hora da noite o filho iria até o quarto deles e preferiam deixar a porta aberta a sua espera. Tinham certeza que essa fase de pesadelos passaria logo.
Fechou a porta atrás de si e só de adentrar no aposento sentia-se mais seguro, como se todo medo não o tivesse como segui-lo ali. Era por isso que via o quarto dos pais como um tipo de templo, onde nenhum mal era permitido. Ali ele estava a salvo.
Não queria acordar os pais novamente com a velha história de ter tido um pesadelo, por isso deitou-se aos pés da cama, bem na beirada. Estava um pouco frio, mas ele sabia que iria acordar embaixo das cobertas e envolto pelo abraço aconchegante de sua mãe. Não havia com o que se preocupar.
O sono logo veio e ele adormeceu tranqüilo. Ali não havia temores, pesadelos, monstros, sombras ou qualquer coisa que pudesse devorá-lo. Ali nada o perturbava. Ali era um lugar seguro.

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