Não era preguiça, não era só falta de tempo. Eu não queria arrumá-lo porque sabia que lá dentro, atrás das roupas que não servem mais, havia uma caixa embalada por um papel brega da década passada, com retalhos de lembranças transcritas em papel de carta.
E ela não estava lá por acaso. Estava atrás da pilha de roupas velhas, no canto onde o campo de visão não alcança, mas o suficientemente perto pra não se tornar esquecida.
De histórias de amor e desgastes de histórias. De todas aquelas coisas que já foram presente e constância. Tentava ignorá-la e todo seu conteúdo.
Na verdade ela havia se tornado intocável, na expectativa que o tempo a empoeirasse, e com a poeira, ofuscasse todos os vestígios ali contidos. Esperava que a poeira que vem com o tempo levasse consigo todas aquelas lembranças.
quem não tem uma caixa dessas? quem não finge indiferença pra esconder o medo daquelas lembranças?
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