01 novembro 2010

GOSTO

Se um gosto pudesse ser o gosto da nostalgia seria o das balinhas Xaxá.

Abacaxi era o que vinha escrito na embalagem, mas hoje quando eu penso no gosto dela, é gosto de esperar o sinal bater para o recreio, é gosto de se preocupar com questões da profundidade da tarefa que tem que ser feita para segunda-feira ou em qual poema vou declamar no dia das mães; gosto de não ter que ficar escolhendo uma roupa para sair sexta à noite, esperando que ele me ache bonita, de não ter que lavar a roupa todo domingo ou pagar a conta do celular, gosto de brincar de esconde-esconde no final da tarde, de estátua e de casamento-atrás-da-porta pela manhã, gosto de olhar o mapa e viajar para vários países em uma leitura rápida do Almanaque Abril, gosto de dançar até começar a doer do lado da barriga e de fazer competição pra ver quem come mais brigadeiro na festinha de aniversário.

O gosto é doce, a lembrança chega salgada dos olhos até a boca.

Alessandra Boos

2 comentários:

  1. ah! que jeito adorável de abranger a nostalgia.
    Acho que ela é assim para todos, com uma inocência doce como uma balinha Xaxá.
    abraço!

    ResponderExcluir
  2. Doces lembranças do tempo em que nossa maior preocupação era a lição de matemática (1+1) para entregar na segunda-feira. muito lindo e nostágico. Adorei :D

    ResponderExcluir