13 dezembro 2009

EFRICA

A EFRICA era uma feira que acontecia em Passo Fundo todos os anos. Tinha lojas, exposições, animais, e o que mais me interessava em 1994: brinquedos!
Fomos bem felizes eu, meus pais, e minha irmã. Tudo muito bem, tudo muito bom, até que eu resolvi que queria ir num brinquedo (se não me engano um carrossel). Meus pais falaram que iríamos ali mais tarde e seguimos em frente. Mas eu não desisti da idéia, e com toda a independência e impetuosidade dos meus três aninhos de idade fui sozinha. Aproveitei um momento em que eles se distraíram e fui direto pro brinquedo que eu tinha deixado para trás.
Chegando lá, quem diria, precisava de dinheiro pra ir! Ninguém tinha me avisado desse detalhe, como eu vi que minhas eficazes técnicas de persuasão (vulgo: cara de dengo e biquinho) não dariam certo, eu resolvi voltar para os meus pais. Obviamente não os encontrei mais.
Então eu voltei numa das exposições de animais que tínhamos visitado antes. Chegando lá eu vi que tinha uma jibóia que eu não tinha visto antes, fui direto na caixa onde ela estava, meus pais que esperassem mais um pouquinho. Depois de ficar um tempo e perder a paciência com um bicho que nem fazia barulho eu fui falar com um tio dali:
-Tio! Oi tio! Aqui embaixo!
-Oi guriazinha, o que foi?
-É que eu não acho meu pai nem minha mãe.
-Qual o seu nome?
-Cíntia.
-E qual é o nome deles?
-Da minha mãe é Zeoni e do meu pai é João Carlos.
“Zeoni e João Carlos, sua filha Cíntia os aguarda no centro de informações” Foi a primeira vez que eu fiquei meio espantada, porque o cara tava falando ali na minha frente, mas eu ouvia a voz dele por todos os lados, acho que assim começou minha mania de perseguição...
Então me levaram para uma casinha lá da feira, e uma moça me levou para uma salinha com uma maca e umas poltronas, onde eu me sentei. Me ofereceu umas bolachas e eu aceitei. Estava bem distraída, saboreando minha bolachinha Maria quando olhei pra janela e vi minha mãe chegando! Fiquei bem feliz e abanei pra ela! Mas ela tava com uma cara... Nem me respondeu. Minha irmã vinha logo atrás dela, com uma cara pior ainda. Eu não entendi porque, eu tava bem feliz de termos nos reencontrado.
Depois disso, por mais que eu insistisse, nós nunca mais fomos à EFRICA.

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