02 julho 2010

Papel em branco

Queria ter um quarto vazio. Se eu um dia tiver um apartamento só meu, gostaria de ter um quarto extra. Um quarto que ficasse vazio, sem absolutamente nada dentro. Paredes brancas e o espaço. O vazio.
Tenho uma verdadeira paixão por páginas em branco. É o que há de mais estimulante. Imagina tudo que pode surgir, tudo que pode ser feito! É um sentimento de liberdade, de total independência. Não precisamos nos preocupar com o que vai ser feito, com como ou quando... Existe apenas a certeza que qualquer coisa pode sair dali. Transformar, criar, inventar, mudar, destruir. O que der vontade.
Tento carregar comigo essa idéia: de tudo que faço, nada precisa ser feito, tudo pode ser feito. O mesmo penso das pessoas que conheço, elas são papéis em branco, papéis apenas.
Alguns papéis vêm com linhas já desenhadas, outros são muito antigos, já meio amarelados, mas ainda sim, prontos para qualquer coisa. Alguns estão aos pedaços, rasgados, amassados, quase prontos para o lixo. Alguns são coloridos, engraçados. Alguns vivem em cadernos ou blocos, outros são avulsos, solitários. Tem papel manchado, sujo. Tem papel com coisas escritas, desenhadas e alguns ainda guardam vestígios de algo que foi apagado.
Qual é o seu papel? Deu branco?
Que ótimo, é uma oportunidade para escrever algo novo.

2 comentários:

  1. curti! não só o texto, mas também o branco além da perda de memória: branco nas paredes, nas folhas, na possibilidade de construção de alguma coisa.

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  2. ! forma inusitada de pensar o dar branco...
    gostei muito.
    me dá vontade de pintar alguma parte da minha vida e recomeçar do branco, do zero. sem medo.

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